sexta-feira, 15 de agosto de 2014

DESCOBRINDO A POESIA

Quando eu era pequeno,
ainda sem saber ler,
o meu passatempo predileto
era ver revistas e jornais.
Meu pai no campo
cuidando do gado,
minha mãe na cozinha
cuidando da comida,
e eu deitado
no chão da sala
de pernas pro ar
fazendo de conta
que sabia ler.
Passava horas
brincando com as folhas
dos jornais e revistas
que meus tios do Recife deixavam
quando vinham visitar-nos.
Meus irmãos ganhavam o mundo:
cassando rolinhas,
pescando piabas,
subindo em pés de mangas,
de goiabas e cajus do sítio...
Mas o que eu gostava mesmo
era de ficar sozinho em casa
contemplando aquele universo
de páginas incomunicáveis.
Olhava as imagens
e achava engaçado,
ficava encantado
com aquele mundo diferente
que não conhecia.
Não imaginava
que naquele encontro
com um mundo feito
por palavras escritas
e imagens coloridas
já havia poesia.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

A MISSÃO DO POETA

Para mim todo poeta
tem a incomensurável missão
de lutar por um mundo melhor;
por uma sociedade mais justa
e um governo mais solidário.
Pois, para mim, todo poeta
tem uma missão muito maior
do que buscar sua própria consagração,
inventando novas palavras
ou novas formas de poetizar.
O poeta deve despir-se
de suas vaidades pessoais
e entender que Deus lhe concedeu
uma grande oportunidade
de, através de sua arte,
melhorar o mundo em sua volta.
De que adianta o poeta
ir embora para Pasárgada,
mesmo sabendo que Pasárgada não existe,
em vez de reunir suas forças
e lutar pela construção de seu país.
Para mim, todo poeta deveria ter
um compromisso social;
do contrário, ele será apenas
um mero expectador da realidade,
preso ao seu mundo interior.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

UM JUNTADOR DE PALAVRAS


UM JUNTADOR DE PALAVRAS

Os loucos vão pela rua
Procurando uma razão;
Os músicos ferem as cordas
Procurando uma canção.

Os rios procuram o mar,
As abelhas procuram as flores;
Os dias procuram as noites;
Nas noites, procuram-se amores!...

E eu procuro no tempo
Algumas belas palavras;
Pérolas vagando ao vento,
De ouro -partículas, lavras.

Sou um caçador de emoções,
Sou um juntador de palavras;
Componho poemas, canções,
E dos pássaros -as suas asas!...

Sou menino e sou adulto,
Sou sério e sou brincalhão;
Canto com um olhar astuto
O que manda meu coração.

Se sofro... –de quem é a dor?
Quem melhor pode senti-la?
A dor é minha -e meu é o amor-
E pouquíssimos querem ouvi-la.

Por isso contenho-me apenas
Em juntar algumas palavras;
Que formarão simples poemas,
E retornarão ao vento, às vagas!...

Tornei-me um caçador de penas
Ou de belíssimas aves raras?
Não importa, tornei-me apenas
Um "juntador de palavras"!...

Antonio Costta


(Poema de meu 1º livro
UM JUNTADOR DE PALAVRAS,
publicado em 2004) 

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

ALGUMA TROVAS


 
De repente muda o tempo,
muda o tempo de repente;
vento sopra, sopra vento...
Deus faz tudo diferente.

De repente um sonho novo
movimenta a nossa história;
nos causando gran renovo
d'esperança na vitória!...

Sinto que grande vitória
Deus irá nos conceber,
por isso já lhe dou glória
e aleluia, no meu ser!...

Na vida tem-se alegria
e também muita tristeza;
mas louvo a Deus todo dia
por ser minha fortaleza!...


É preciso ter prudência,
estudar onde pisamos;
pensar bem na consequência
das decisões que tomamos.

Se o inimigo te afrontar
com palavras de terror;
não desista de lutar...
busque força no Senhor!...

Eu não sei dos teus problemas
e você não sabe os meus;
mas lhe digo que não temas,
tenha confiança em Deus!...


Se há batalhas no caminho,
não fique desesperado;
pois você não 'stá sozinho,
Cristo está bem do teu lado!

Quando vir a provação,
for imensa a tempestade,
clame a Deus, em oração,
que te dará f'licidade!...


Ah, quando eu era menino
queria ser um ator;
mas o destino traquino
fez-me um poeta-pintor!...

Quando paro pra pensar
no imenso amor de Deus,
dá vontade de contar
para todos filhos seus!

Escrever é minha meta,
pois me trás felicidade;
apesar de ser poeta
pequenino, na verdade.

Eu gosto de fazer trovas,
mesmo sem ser trovador;
eu rimo contando as novas
e cantando o meu amor.

Nos olhos da minha amada
vejo mais do que um brilho;
sempre vejo uma alvorada...
e pra f'licidade - um trilho!...

Quem nunca amou de verdade
não sabe o que estou sentindo;
razão da felicidade,
porque vivo assim sorrindo!...

Quanto mais o tempo passa
cada vez mais me convenço
que a vida é muito escassa
para o nosso amor imenso!

Meus poetas preferidos
falo todos, numa boa:
Drummond, Bandeira, Vinícius,
Quintana, Cecília, Pessoa!...

Inda como rapadura
do Engenho Corredor;
saboreando a cultura
de Zé Lins, o escritor.

Em uma rua de Itabira
ainda escrevo uma lira;
numa praça de Lisboa
lerei versos de Pessoa.

Não tenho terra brejeira
no meu amado torrão;
mas trago Pilar inteira
dentro de meu coração!

Ah como eu queria está,
neste instante da semana,
na feirinha do Pilar,
tomando um caldo de cana!

Minha terra tem sabores
que outras terras não têm;
dizem até que seus amores
não se encontram em mais ninguém.

Não trouxe um pouco de terra
da minha terra pra mim;
mas no meu peito se encerra
ela completa, sem fim!

Já se passou a aurora
e o crepúsculo já vem;
inda estou pensando agora
na beleza do meu bem!...

Chamavam-me de matuto
quando eu era um estudante;
mas o destino astuto
fez-me um poeta falante!

Tem versos de amor tão puro
que o mundo não entenderia;
melhor deixá-los no escuro...
e jamais fazer poesia!...

Sim, nesta vida é preciso
aprender a perdoar,
pra não ficar indeciso,
pra continuar a amar!

Ah... tem poesia calada
que não se deve escrever;
deve ser imaginada,
só pro poeta saber!...

José Augusto de Brito
Lendo meus versos, à toa,
Quando me viu deu um grito:
Se parecem com Pessoa!

Não nego para ninguém
Que sou poeta cristão;
Que só Jesus é quem tem
Para nos dá - SALVAÇÃO!

Na hora que faço um verso
Sinto um alívio no peito;
Como se um bem pro universo
Acabasse de ter feito!...

É medonho o sofrimento
De um palhaço engraçado;
Ninguém sabe o fingimento
De seu riso gargalhado!...

Um amigo de verdade
Não se encontra na bonança;
Mas é na dificuldade
Quando nos dá esperança!...

Aurora da minha vida
que saudade de você!
Porquê hoje é dura a lida,
muitas provas pra vencer.

© Antonio Costta

***

A VIDA CONTINUA

A vida continua
quer no campo ou quer na rua
vestida ou mesmo nua
sob o sol ou sob a lua
sobe o mar ou sobre a terra
quer em paz ou quer em guerra
lá vai a vida vivendo,
lá vai a vida passando,
lá vai a vida sorrindo,
lá vai a vida chorando,
lá vai poeta escrevendo,
lá vai um pássaro cantando!
Pois a vida continua,
continua, continua!...
Depois da tempestade,
depois do terremoto,
depois do amor achado,
depois do amor perdido,
uma coisa eu logo noto,
é que a vida não se acaba,
é que a vida ela prossege,
surpreendendo, ressurgindo,
dentre as sinzas como fênix,
como flor, em meio as fendas
do concreto retorcido.
Por isso não vale a pena
dar-se agora por vencido,
trancar-se no seu quarto,
trancar-se dentro de si,
porque a vida ela não para,
com você ou sem você,
ela vai continuar!
Viva, viva, muito viva,
brilhando no anoitecer,
e também, muito mais viva,
quando o dia amanhecer!

Antonio Costta